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Assim tudo começa. Nada além do silêncio matinal.

“Algo no branco daquela neblina se destacava essa manhã.E esse algo tinha formato, tinha Vida. Seus passos transtornados quebravam a fina camada de gelo que se formara sobre o gramado. Tudo estava frio e trêmulo. O ódio de seus olhos exalava tanto que as flores murcharam ao seu redor. Ele continuou andando, havia um propósito a cumprir. Ela sabia que já não era o mesmo, e as marcas que ele agora carregava consigo o dava a certeza que seria suficiente sem a os cabelos ruivos a lhe ajudar. Aprendera a controlar suas emoções, mas mesmo assim sua expressão não era exatamente de alguém feliz. Ele continuou andando como o verdadeiro homem que havia se tornado, sabia que a partir dali ele teria o destino de uma dimensão em suas mãos, e nem por isso ele hesitou.”

Capitulo I.

A chegada.

O relógio desperta gritante como sempre, ecoando entre as caixas de papelão amontoadas entre o seu quarto. Uma mão cansada procurava-o até finalmente cessar o barulho indesejado. “Para Eduardo Straskie” dizia na maioria dos adesivos colados nas caixas ao redor. Edd – como o chamara sua mãe desde que a memória lhe permitia nitidez – havia se mudado há algumas semanas, junto à euforia da felicidade ao saber de seu ingresso à Lumière. O rapaz era de uma comunidade esquecida ao sul de Paris, Schuztzs. Um pedaço do mundo tão esquecido que nenhum mapa, mesmo os atuais, não mostrava sequer resquícios sobre a existência daquele pedaço de terra, refutado segundo as línguas crentes por ali, até por Deus. Fundado por alemãs no século XVII, não tinha nada do glamour de Paris, apenas vacas, bodes, velhas, sua mãe tirando sustento de queijos verduras, seu tio com aquele semblante tão bondoso quanto um psicopata prestes a degolar alguém, e um fraquíssimo sinal de tv e internet. ( A torre de sinal mais próxima ficava a uns... 200 km de lá? )

Lyon era a cidade escolhida por Edd para “formar-se tão mestre quanto já era”, como dizia sua mãe orgulhosa às vizinhas abelhudas. Ele sempre com aquele sorriso bobo no rosto ele negava, “ora, se não precisasse deste diploma já estaríamos longe daqui mãe”, apesar de que por dentro sua altivez acreditava que já era suficientemente bom nisso, embora realmente fosse um mero aprendiz perto de seus futuros colegas. Educado com uma pequena biblioteca na instituição – que embora fosse uma casa muito velha e caindo aos pedaços, dotada de uma turma com várias séries era assim que teriam de trata-la – da vizinhança, era acostumado a buscar sozinho pelo conhecimento, correndo atrás de livros nas casas e nos vilarejos próximos (leia-se como a 300km). Quando ainda não tinha idade pra pegar no batente, contentava-se com os livros colorido que a Senhora Collins dava a ele. Mas, assim que seus 9 anos estavam completos, e sua mãe já ter lhe ensinado como produzir, cortar, cozinhar, lavar, consertar, ele arranjou um pequeno “bico” na vendinha. Com os poucos euros que ganhava, ele pagava ao charreteiro a leva-lo ao ponto de ônibus a uns quilômetros dali, e algumas horas depois voltava com um ou dois livros velhos debaixo do braço, todo sorridente. Sua idade havia aumentado, e consequentemente os estudos e o trabalho também. Assim como o dinheiro. Uma espécie de faz tudo no vilarejo, pois tinha que manter a internet de 128 kbps, sua mãe, - apesar de inúmeras vezes ter de recorrer à carranca reclamona de seu tio. Sentira um peso enorme em sair dali, deixar sua mãe fazendo queijo por alguns tostões, mas com certeza outra oportunidade como essa não apareceria tão cedo. Então ele foi rumo a terras desconhecidas, prometendo a sua mãe que seria alguém importante. E ali estava prestes a acordar, mexendo o mais lentamente possível o seu corpo da zona de conforto.

Uma longa espreguiçada antecedeu o movimento que o botara sentado na cama. Esfregou os olhos embaçados, a musica da rádio local o confortava junto do sol matutino. Fitou o radio-relógio, inutilmente porque mesmo grandes aqueles números iluminados não passavam de uma massa vermelha. Passou a mão na cabeceira da cama até trombar com a armação, e as trouxe ao rosto. O relógio apontava cinco minutos pras sete da manhã, então ele esticou as pernas, e foi esquentar água para o café. Bocejava a cada cinco minutos, seu corpo parecia reclamar da manhã, cansado. Um cansaço fora do comum fazia-o esticar-se a fim de relaxar os músculos.

- Essa vida de estudante já está me cansando – ele disse após um risinho irônico.

Matricula. A palavra pairava em sua mente despercebida enquanto Edd terminava mais uma revista de palavras cruzadas sem muito esforço. Ele sempre fora bom neste tipo de coisa. Tomou o ultimo gole de café, quando por acidente enquanto ia ao banheiro no apertado apartamento ele derrubou a papelada da universidade. “Merda ele pensou enquanto reorganizava os papéis dentro na pasta. De repente uma foto com cara de zumbi lhe chamou a atenção. Edd ajeitou os óculos. E logo caiu na gargalhada, sentando-se no chão:

- Deus! Como posso ficar tão horripilante nessas fotos? Poderia ser o próximo zumbi a estrelar um filme!

Examinou o documento até dar-se conta da data. Dezesseis de fevereiro. Que dia era hoje mesmo? Eduardo correu desesperado até a cozinha, onde se encontrava um calendário desses dados em lojas de conveniências. “Ontem foi domingo” pensou enquanto deslizava até o dedo até o domingo correspondente. Suas pupilas dilataram-se. Ontem foi dia quinze. Desesperadamente Edd correu pela casa, derrubando a xícara que estava em mãos e quebrando-lhe a asa. Estava com a escova de dente na boca, a calça desabotoada de meias e a camisa pendurada nos ombros. Enquanto remexia a uma das caixas, um estrondo o fez parar com o ritmo acelerado das coisas. O barulho parecia vir da cozinha, mas precisamente da inútil dispensa de 2x2 m². Vagarosamente ele caminhou dentre o corredor, enquanto abotoava a camisa e o suor escorria por sua testa. Seus passos eram lentos e acolchoados pelo carpete. Ele tirou a escova da boca, quando ia perguntar por alguém, repensou, era a coisa mais idiota a se fazer num momento desses, então foi direto a porta da despensa, hesitou em sua frente. Pegou na maçaneta e a girou.

- Mas que... – Edd olhava a janela quebrada, mas um motivo pra gastar dinheiro, a surpresa não agradava nem um pouco. Abaixando-se ele analisava os cacos, um deles havia voado, fixando-se na parede. Edd já ia o tirar quando no seu reflexo viu que algo passara sorrateiramente, como um animal ou coisa do tipo. Ele levantou e dirigiu-se para cozinha, que dispunha de um tom alaranjado naquela manhã, e tão sorrateiro quanto aquela coisa, pegou uma faca, e foi analisar os cômodos da casa. Entrou no banheiro. Nada. Entrou na sala. Nada. Ele ia dirigir-se ao seu quarto quando tropeçou em algo. Era algo que com certeza não estava ali antes, e por mais que vasculhasse sua mente em busca de algum objeto que se encaixasse ele não achara. Então, Edd jogou a faca dentro de uma das caixas de papelão abertas, e abaixou-se analisar do que se tratava.

Passou os dedos no embrulho de papel craft, e no cordão que envolvia o objeto pesado. “deve ser algum presente de mamãe” tentava ele convencer-se. Mas bem ele sabia que sua mão não tinha dinheiro pra tamanho presente. “Será que devo abri-lo?” ecoou como uma onda suave no lago tal pensamento.

Mal desfeito o pensamento, o radio relógio tímido brilhou mais que o normal aos seus olhos. Por deus estava atrasado! Edd levantou-se e colocou o objeto dentro da caixa, deixando de lado a curiosidade que corria em seus hormônios. Agarrou seus óculos, a mochila com seus documentos e partiu a universidade, com tanta presa que quase esquecera de trancar corretamente sua casa – repetidamente recomentado pelo dono da casa, já que não era o mais tranquilo bairro para se morar - .

Aviso aos leitores - se ainda houver -


O seguinte texto está sendo reescrito. Por causa das corriqueiras falhas, resolvi dar uma revisada no texto, e reescrever suas passagens, mas claro, sem tirar o espirito da estória. no máximo em uma semana, o texto novo estará reescrito e postado aqui com seu novo capítulo.
Obrigada, e desculpa, mas prometo surpreende-los sempre que possível!